segunda-feira, 14 de junho de 2010


"Até já..."!

Terminou o «Ano Sacerdotal»!
Verdadeiramente, deveria também findar este «espaço» de partilha que denominei de «Sentir de Pastor» onde, ao longo deste mesmo «Ano Sacerdotal» fui escrevendo a vida desta alma de pastor, nesta comunidade concreta, no coração da Igreja...
O «Sentir de Pastor» terminará também hoje; inventarei uma outra forma de deixar «falar a alma e o coração»; tentarei continuar a «estar» com cada um também nesta outra forma de «presença», de «diálogo», de «encontro» e de «sonho»...
Talvez esse outro espaço ganhe outros contornos, quiçá com o desejo sempre crescente de ir, melhor, irmos, mais longe, mais alto, nesta «estrada» de fidelidade Àquele que nos enche e preenche a existência: Jesus Cristo.
Terminou o «Ano Sacerdotal»!
Que não termine a nossa vontade de rezar pela santificação de todos e cada um dos pastores!
Que não cesse o nosso desejo de cumplicidade com tão grande dom com que Deus nos presenteia!
Que não acabe nunca o nosso espanto agradecido ao Bom Pastor por se servir da fragilidade humana, da nossa pobreza e miséria, para Se fazer presente, real, vivo, na vida de cada um de vós...
Convosco sou cristão, para vós sou pastor...
Nesse caminho, unidos naquilo que vale mais, a oração, saúdo todos e cada um...
Até «já»...

sábado, 29 de maio de 2010


"Vinde Jesus"

"Ó Sol nascente
Que vos ergueis por sobre nós mortais,
Iluminando os cegos de nascença
Na luz do vosso rosto:
Vinde, Jesus,
Estrela da manhã!
Cantamos vossa vinda gloriosa!

Pascal Cordeiro,
Que em vosso Sangue resgatais do exílio,
Reconduzindo as almas desgarradas
À Terra Prometida:
Vinde, Jesus,
Pastor das águas vivas!
Cantamos vossa Vinda gloriosa".

Verdadeiramente «cegos de nascença», como precisamos dessa vinda gloriosa de Cristo, que Se nos revela na simplicidade e na humildade; como deveremos ambicionar essa vinda esplendorosa manifestada no despojamento e no serviço vividos com intensidade até ao fim!
Como «almas desgarradas» do Coração de Deus, porque distraídos do essencial, busquemos, em espírito e verdade, aquela paz e suavidade que nos libertam de verdade das muralhas e prisões que nos agarram ao efémero e ao instante!
Há uma estrada aberta diante de nós: a Terra Prometida. Que alcançaremos apenas na medida da nossa adesão apaixonada e decidida ao Evangelho do Reino que nos pede dedicação, abandono, confiança e abnegação.
Sedentos de eternidade, carentes de corações renovados, famintos de uma paz que o mundo jamais nos alcançará, havemos de nos prostrar diante d'Esse pastor das águas vivas que nos sacia e liberta bem por dentro!
«Na luz do vosso rosto», ó Senhor, ensinai-nos a todos nós a permanecer no vosso Lado aberto, nesse Coração trespassado por amor; reensinai-nos a beleza da cruz, a sabedoria do lava-pés, a glória de sermos os últimos e os escravos de todos...
Exilados nos «Egiptos» das nossas indiferenças e dos nossos egoísmos, exilados nas nossas verdades imutáveis e enganadoras, precisamos dessa vinda gloriosa de Deus à nossa inteligência e ao nosso coração fragmentado e dividido, confuso e baralhado entre os triunfos do mundo e a vitória da cruz!
«Ó Sol nascente que Vos ergueis por sobre nós, mortais», vinde iluminar as nossas cegueiras para sermos a Igreja que se sabe e crê «sal da terra e luz do mundo»!
Abençoa.nos, ó Pastor de todos os pastores, ó Sacerdote Único de Deus, cabeça e caminho, verdade e vida de todos os sacerdotes, peregrinos e, por vezes, errantes, nos caminhos do mundo.
Vem e sê a nossa paz; vem e sê a nossa força; vem e sê a nossa luz; vem e sê a razão do nosso sim, do nosso agir e viver.
E, quando abraçarmos as «terras do exílio», atrai-nos para aquela outra onde «jorra leite e mel», a Terra Prometida da entrega sem limites, da palavra feita vida em cada um de nós, da verdade explicitada em cada opção do nosso ministério.
Ó «estrela da manhã», vinde e iliminai as nossas escuridões, vinde e transfigurai as nossas «noites da existência».
«Pascal Cordeiro», vinde, vinde depressa aos nossos corações para que eles rejubilem apenas na medida em que somos vossos, todos vossos...

sexta-feira, 28 de maio de 2010


"Teus olhos, tua vida"

"Tu foste o renascer da esperança
Em que o teu olhar o meu encontrou
Foi esse o momento
Em que o meu viver sentido ganhou
Bastou um segundo
Para todo o meu ser em mim renascer
Pois no teu olhar
O Amor se revelou"

Às vezes basta mesmo apenas um segundo.
Num segundo se edifica e num outro se destrói!
Num segundo se nasce e num segundo se morre!
Num segundo se acredita e num segundo se perde a fé!
Um segundo consegue arrebatar e um outro pode fazer desmoronar!
Um segundo pode apaixonar e num segundo tudo pode desabar!
Um segundo apenas...
Um segundo que pode atrair para Deus e um outro que nos pode d'Ele afastar!

Num segundo os nossos olhos podem dar luz ao mundo;
num segundo o nosso coração consegue incendiar uma nação;
um segundo pode alcançar a paz e um outro é capaz de produzir uma guerra!
Basta um momento de verdade;
Basta um segundo de eternidade;
Basta um pulsar de autêntica caridade;
Para pegar fogo a uma cidade!

Mas importa sempre a presença de Deus!
Mas tudo subsiste na medida em que tudo d'Ele depende!
Mas só enobrece quando sabemos e cremos que só n'Ele descansamos!

"Teus olhos deram luz ao (meu) mundo
E o (meu) mundo quis amar-te a ti.
Teus olhos foram mensageiros
Que eu segui! Que eu segui!".

Agora, deixa-me pedir-te: continua a ser luz! Não me desapontes, não me desvies do caminho "Que eu segui, que eu segui"!
Guia-me, de segundo em segundo, de momento em momento, para o coração de Deus!
Um segundo, um momento, um evento, um olhar, um sentir, um estar... podem revelar o Amor.
Um segundo, um momento, um evento, um olhar, um sentir, um estar... podem desacreditar d'Esse Amor!
Os teus olhos, o teu coração, a tua presença, a tua força, a tua entrega, sejam de Amor e nunca, mas nunca, por favor, do cruel desamor!

Dá, segundo após segundo, momento após momento, luz ao mundo; não o prives dessa mesma luz! Não nos prives dessa esperança nem desse fogo cujo rastilho aqui deixaste...

terça-feira, 25 de maio de 2010


"Eu só queria agradecer"

"Eu só queria conhecer
o homem que se deu
de alma e coração
eu só queria agradecer
e dar-lhe a conhecer
a minha gratidão.

Do seu rosto que fitei
jamais esquecerei
a paz que ele irradia
a minh' alma estremeceu
sentindo o amor de Deus
com que ele nos contagia".

Sem receios de nada nem de ninguém, no silêncio da noite, entrego ao meu Senhor como oração de louvor e de acção de graças as palavras acima citadas; ofereço ao meu Deus a alegria que experimento, a paz que me arrebata, a saudade que já sinto, ao regressar desse «pedaço de Céu» que me foi dado viver...
E uso essas mesmas palavras, e coloco-as no plural, e transformo algumas, e entrego-as Àquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida:
«Só queria conhecer, (para mais poder amar)
o homem (os jovens) que se deram
de alma e coração
e dar-lhes a conhecer
a minha gratidão.

Dos seus rostos que fitei (que admirei)
jamais esquecerei
a paz que eles irradiam
a minh' alma estremeceu
sentindo o amor de Deus
com que eles nos contagiam!

E agora, com mais clareza e assertividade,
"eu percebi
que tudo o que senti
na luz daquele(s) sorriso(s)
era novo para mim
e deve ser assim
a paz do paraíso...".

A cada um daqueles corações, como gostaria de lhes sussurrar:
"de alma e coração
eu só queria agradecer
e dar-lhes a conhecer
a minha gratidão"...
Porque o não consigo fazer sobejamente, porque o não sei fazer como merecem, porque trairia sempre o meu sentir, entrego-os, de novo, Àquele Deus que "sabe mesmo arrebatar"...
E na paz da noite, quero adormecer soletrando os nomes daqueles corações que também me deram a conhecer, de alma e coração, que "Deus é assim"...

sábado, 22 de maio de 2010


"Deus é assim"

"Deus é assim...
Às vezes parece tardar
Mas não falta
E como fez com Zaqueu
Chamou por mim
E foste tu que mo mostrou
Deus é assim...
Sabe mesmo arrebatar!
Inquieta a alma e entra assim, sem avisar
E eu senti todo esse amor
Naquele teu olhar"

Estas são algumas palavras solenemente cantadas no musical «Wojtyla».
Algumas de todas elas tão certeiras quanto profundas, tão verdadeiras quão belas e decisivas.
Deus é assim...
Chama, provoca, inquieta, arrebata, provoca, seduz...
Através de um olhar, de uma palavra, de um acontecimento, de uma melodia, de uma lágrima ou de uma conversa, de um silêncio ou de um coração...
Deus é assim...
Sabe mesmo arrebatar...
Basta que nos atrevamos a escancarar o coração; que ousemos abrir a alma... e Ele entra, e Ele conquista, e Ele apaixona...
Deus é assim...
Sussurra, fala, desafia, vence e convence, fazendo-nos renascer e tornar a acreditar.
Na alegria daqueles jovens, na fé daqueles corações, na entrega daquelas vidas, no esforço daqueles valentes, como não escutar Deus que nos atrai mais e mais, e sempre mais?!
Deus é assim...
Sarça ardente, voz que chama, que inquieta a alma e entra assim, sem avisar...
Estas noites têm sido esse «entrar sem avisar»; têm sido essa «sarça ardente» que não se consome, não se cansa, não desiste, de me provocar, para reaprender a agradecer!
E soubera eu cantar que «gritaria» com cada um deles e com toda a convicção: "Hoje sei, que renasci ao conhece-te, pois ao encontrar-te, ao encontrar-te, eu descobri Jesus"!
E isso eu nunca agradecerei suficientemente.
Karol Wojtyla, obrigado!
Jovens, orgulho e paixão do meu ser, obrigado por esse vosso renovado olhar que me fazem descobrir Jesus!
Que nunca me esqueça: «Deus é assim»!

quarta-feira, 19 de maio de 2010


"Sentir de Pastor"

Hoje quero dar a este texto o nome do próprio blog; hoje quero partilhar convosco que o meu «sentir de pastor» é de uma alegria imensa, uma enorme comoção, um orgulho que peço a Deus não seja ofensa e muito menos pecado!
Assisti hoje à estreia do Musical «Wojtyla»; assisti hoje a um dos mais fortes e marcantes momentos da minha vida pastoral. Jovens que partilharam com toda aquela assembleia o dom da fé, da confiança, da gratidão, do reconhcimento, da amizade, da saudade, da esperança...
Jovens muitos deles desta paróquia que ensinaram, mais uma vez, ao seu pastor, a alegria de se ser de Cristo, de se amar e servir a Igreja, de se saberem e sentirem discípulos.
Sim, chorei! De saudade. De alegria. De orgulho. De emoção. De espanto. De felicidade. Com uma gratidão a cada um desses jovens que não saberei nunca exprimir nem expressar. Porque me recordaram momentos únicos da minha vida; porque me fizeram olhar e amar o passado desafiando-me ao futuro nesta «hora» presente. Porque me fascinaram e sublinharam a minha paixão pelos jovens. Porque me encheram o coração desta alegria de sermos e querermos ser sempre mais e mais de Deus.
Se pudesse, se soubesse, como segredar a cada um desses corações jovens um «bem-haja» do tamanho do mundo não o regatearia por nada. Porque só isso agora gostaria de fazer... Agradecer. Agradecer a Deus por ter postos estes jovens no meu caminho e bem dentro deste meu coração de pastor.
Verdadeiramente, «bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo»!
Que o saudoso Papa João Paulo II, no coração do Pai, que sorri, nos obtenha de Deus o dom da fidelidade a cada um de nós; que nos alcance esse seu desejo de permanecer sempre na intimidade com Cristo e no serviço desmedido à Sua Igreja.
Jovens, prometo-vos que o meu «obrigado» se traduz em oração por cada um desses vossos corações, não grandes mas, enormes, imensos, únicos, fantásticos...
Obrigado por este meu «sentir de pastor» nesta noite memorável, inesquecível...

sábado, 15 de maio de 2010


“Livres”. De verdade."

“Nós, sacerdotes,
queremos ser pastores
que não se apascentam a si mesmos,
mas se oferecem a Deus pelos irmãos,
nisto mesmo encontrando a sua felicidade”.

“Somos livres para ser santos; livres para ser pobres, castos e obedientes; livres para todos, porque desapegados de tudo; livres de nós mesmos para que em cada um cresça Cristo, o verdadeiro consagrado do Pai e o Pastor ao qual os sacerdotes emprestam voz e gestos, de Quem são presença; livres para levar à sociedade actual Jesus Cristo morto e ressuscitado, que permanece connosco até ao fim dos séculos e a todos Se dá na Santíssima Eucaristia”.

Estas são apenas algumas das belíssimas palavras que o Papa deixou aos pastores que nós somos; palavras que são, simultaneamente, consolo e desafio, esperança e apelo, a fim de sublinharmos mais e mais em cada um de nós a beleza da graça que nos habita e nos consome, nos enleva e nos envia para servir e dar a vida pela Igreja presente em cada outro!

Como permanecer indiferente a esse caminho traçado pelo Sucessor de Pedro ao sublinhar que não podemos mais ser pastores de nós mesmos?! Não podemos mais ser anunciadores das nossas palavras em detrimento da Palavra que é Jesus Cristo! Não podemos mais propor a nossa pessoa, as nossas ideias, os nossos «devaneios», as nossas questões meramente humanas e terrenas de acordo com as nossas espiritualidades particulares! É de Cristo que somos voz; é a Cristo Quem temos de anunciar; é a Cristo a Quem devemos obedecer mais que aos homens e aos seus critérios e vontades!

Como não acreditar – bem cá no íntimo do nosso ministério, no mais fundo da nossa alma, que a nossa felicidade e a nossa paz advém apenas da nossa fidelidade a Cristo e ao Seu Evangelho, apascentando, até doer, se for preciso, todos – e nunca apenas uns quantos – que o Bom Pastor nos entrega para lhes ofertar o nosso único tesouro: a graça de Deus?!
Como passar do simples desejo desta paz e desta fecundidade da missão sacerdotal?
O próprio Papa nos esclarece e relembra: sendo livres! Verdadeira e profundamente livres!

Livres de todos e de tudo quanto nos desvia do essencial para podermos ser completamente de Deus. Livres das amarras económicas, sociais, particulares, financeiras, oportunistas, que intentam pastores para lhes abençoarem posturas, comportamentos, religiosidades! Livres de pensamentos, sistemas, doutrinas particulares, espiritualidades tribais ou elitistas, para que sejamos capazes de dar a mão e o coração a cada outra mão e a cada outro coração!

«Livres de nós mesmos» para não nos endeusarmos nem a nós nos anunciarmos! «Livres de nós mesmos» a fim de podermos espelhar a beleza de Cristo e a Sua Palavra. A fim de testemunharmos a radicalidade da Cruz e a salvação que dela brota mais, bem mais, que a suspeita suavidade da lógica dos tempos e a perigosa ligeireza de estilos de vida que não se adeqúem jamais à vida de quem crê de verdade na mensagem de Jesus de Nazaré!
Que bom que o Papa nos inquieta, nos provoca e nos «ressuscita» para o essencial. Que fantástico o Sucessor de Pedro nos relembrar a simplicidade e a urgência da nossa missão. Que única esta oportunidade de cada um de nós recomeçarmos, com renovada paixão, esta aventura decisiva de sermos fieis pastores da Igreja que Jesus sonhou santa e serva diante de toda a humanidade.
«Livres», «livres» verdadeiramente para apenas nos deixamos aprisionar pela paixão a Deus, num amor incondicional, permanente, jamais agendado ou dependente de gostos ou paixões particulares, a cada homem e mulher que vem a nós e a quem buscamos por amor à salvação.
«Livres» para não dependermos nunca de nada nem de ninguém senão somente da Graça que Cristo nos promete, do Seu Espírito Santo àqueles que a Ele se abrem profunda e humildemente.
«Livres» para podermos anunciar o Evangelho denunciando sempre tudo quanto a ele é ameaça, «nuvem» ou adulteração. «Livres», enfim, para sermos tudo para todos em nome d’Aquele “que permanece connosco até ao fim dos séculos e a todos Se dá na Santíssima Eucaristia”.

domingo, 9 de maio de 2010


"Medos"!

"Precisamos de homens que mantenham o olhar voltado para Deus e aí aprendam a verdadeira humanidade. (...) Só através de homens tocados por Deus, Deus pode voltar para junto dos homens".
"Só o Amor pode salvar o mundo".
São afirmações categóricas, urgentes, determinadas, veementes, estas de Bento XVI.
Palavras que iluminam e desbravam os caminhos que havemos de percorrer enquanto pessoas crentes, enquanto discípulos do Ressuscitado, enquanto membros vivos de uma Igreja que tem por missão «falar» d'Aquele que é Caminho, Verdade e Vida.
Se «só o amor pode salvar o mundo» então apenas o amor pode salvar a Igreja; então somente a fidelidade à Cruz pode salvar o Homem que somos que queremos ser. Só o amor, sempre ao jeito de Jesus, nos conseguirá transformar em «homens que mantenham o olhar voltado para Deus», em «homens tocados por Deus» para que Ele possa, verdadeiramente «voltar para junto dos homens».
«O medo mata antes antes de se morrer»!
O medo, o medo da Cruz, o medo do que significa sepulcro vazio (vitória da verdade e da vida, vitória da humildade e do despojamento, vitória da simplicidade e da entrega) consegue simplesmente anestesiar a grandiosidade a que somos chamados!
O medo de se ser verdadeira e totalmente de Deus atrasa a redenção, asfixia a liberdade, oprime a justiça, atordoa a força do Espírito em nós!
O Papa vem até nós! Quer confirmar e abençoar a nossa fé. Predispõe-se a fazer caminho nos nossos caminhos! Ousa a desinstalação para abraçar o serviço e a disponibilidade. E qual a nossa resposta?
Medo das «confusões», das multidões, dos «apertos»!!!
De facto, o medo, o comodismo, o «light» em que deixámos cair a nossa fé e a nossa adesão ao Evangelho não consegue trazer Deus para junto dos homens!
Quando se perde a dimensão do encanto e do espanto, da gratidão e da surpresa, estamos, simplesmente, condenados à banalidade, ao «sono», ao epidérmico, ao acessório, deixando fugir a beleza do essencial, do profundo, do «novo», do definitivo, do eterno...
Mas haverá sempre alguém a «gritar» aos nossos «sonos»: «Só o Amor pode salvar o mundo»!

quinta-feira, 6 de maio de 2010


"Tu amas-Me?"

"Pedro tu amas-me?"
Também estas palavras ecoaram no meu coração nesta nova Peregrinação à Terra Santa. Porque na pergunta lançada por Jesus ao coração de Pedro está implícita a mim mesmo essa questão; ela é dirigida à Igreja, cada discípulo de cada tempo...
É uma pergunta inquietante, provocadora, que desinstá-la se procurarmos responder em espírito e em verdade. É uma questão vital pois que nela se «joga» toda a nossa existência, o mais profundo do nosso ser!
A resposta de Pedro é avassaladora: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo»!
Naquele lugar, bem junto ao mar da Galileia, pedi ajuda ao Mestre para que um dia possa e consiga responder da mesma forma; ali, na capela do «primado de Pedro», voltei a sentir-me pequenino e pobre, tão distante dessas palavras de Pedro, saídas de um coração profunda e verdadeiramente apaixonado!
«Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te quero amar» é o máximo que consigo dizer!
Porque amá-l'O é mais, imensamente mais do que aquilo que eu faço; é imensamente mais do que celebrar Eucaristia, do que orientar retiros ou recoleções, do que guiar uma Comunidade, do que construir igrejas e buscar respostas sociais aos mais desfavorecidos, do que peregrinar, do que pregar, do que...
Amá-l'O é dar-Lhe a vida, até ao sangue, até à Cruz.
Amá-l'O é ser todo de Deus.
Amá-l'O é ser santo.
Portanto, que longa estrada a percorrer...
Que longo caminho a abraçar...
Pedro, na pessoa de Bento XVI, vem aí, bem ao nosso coração, para nos ensinar a amá-l'O como ele deve ser amado...
Oxalá consigamos estar atentos, ser dóceis, disponíveis, ao acolhimento daquele que vem em nome do Senhor para nos repetir, na sua vida, no seu ministério, na sua presença «Senhor, Tu sabes tudo, Tu sabes que te amo».

quarta-feira, 5 de maio de 2010


"Terra Prometida"
 
Peregrinar é sempre esta oportunidade de querer fazer encontro com Deus.
Ao longo destes últimos oito dias não foi outra a experiência que fizemos. Caminhar, sempre rumo ao maior e melhor conhecimento de Deus, da Sua vontade, da Sua Palavra. Passo após passo, experiência após experiência, palavra após palavra, encontro após encontro, sorriso após sorriso, lágrima seguida de outra lágrima, silêncio que busca sempe outro silêncio, assim vivemos estes dias que jamais desaparecerão dos nossos corações...
Olhar, tocar o Mar da Galileia e escutar bem baixinho a cada um de nós: «Bem Aventurados...»!
Em Nazaré aprender, de novo, aquele «Sim, faça-se em mim segundo a Vossa Palavra», para nos erguermos e decidirmos à coragem de o encarnar nas nossas vidas!
«Fazei o que Ele vos disser» deixámos que ficasse gravado bem no fundo das nossas almas!
No cimo do Monte Tabor pedimos a graça da nossa transfiguração e a de todos quantos levávamos no coração!
No deserto da Judeia, naquele silêncio inesquecível tentámos encontrar-nos connosco próprios e com Deus!
Subimos a Jerusalém, decididos ao que esse apelo significa! Entrámos na Cidade Santa e a emoção tomou conta de nós!
Aí, na Cidade eterna, foram tantas as sensações e vivências, foram tantos os momentos marcantes, foram tantas as graças recebidas... não se consegue transcrever aquilo que guarda e retém o coração cheio de Deus!
Monte Scopus, Monte das Oliveiras, Monte Sião, Cidade Velha de Jerusalém, Santo Sepulcro... tempos e espaços que pareciam não caber nos nossos corações pequeninos diante de tamanha grandeza e graça...
Pisámos - muitos pela primeira vez - a Terra Prometida. Que depressa passamos a amar, a fazer nossa, a desejá-la visitar de novo! Porque por mais vezes que aí estejamos, cada vez é sempre difrente, espantosa, única, magnífica...
Como diz a antiga tradição, «no ano que vem em Jerusalém»!
Assim Deus nos ajude a cumpri-la.
Assim vivamos aqui, nos nossos ambientes, essa experiência indiscritível para nos tornarmos embaixadores dessa Terra abençoada, dessa Terra Santa pisada, amada, chorada, pelo próprio Senhor Jesus...

domingo, 25 de abril de 2010


"Por todos e cada um"

Amanhã, de novo, se Deus quiser, parto para nova Peregrinação à Terra Santa.
Pisar, sentir, olhar, contemplar, mais uma vez, esses Santos Lugares, é sempre uma graça imensa e, simultaneamente, indiscritível.
Nada se repete quando na vida nos deixamos envolver pelo Amor, pelo desejo de se ser mais de Deus.
Prometi hoje na Eucaristia, neste Domingo do Bom Pastor, que a todos e a cada um dos meus paroquianos levaria bem dentro do coração; é minha vontade, é meu desejo, é minha missão.
Lá, em cada momento, em cada celebração, quando estamos nas raízes da fé da Igreja, lembrarei estes homens e mulheres, crianças, jovens, adultos e idosos, doentes, crentes e descrentes, pois que de todos sei e sinto que sou pastor. Lá, em cada lugar sagrado, elevarei ao Céu uma prece por esta Igreja que eu amo, este povo que é hoje a minha família, a minha vida, o meu coração.
Lá, naqueles montes e naqueles vales, naquelas vielas e naquele mar, a todos entregarei ao Coração de Jesus, único e eterno Sacerdote...
Levo-vos comigo...
E ficarei com cada um. Na oração que sei farão por mim, por nós. Na lembrança. Na inquietação. Na certeza da cumplicidade de quem é verdadiramente de Deus...
Lá, onde pedirei ao Senhor Deus que me faça forte, me faça grande, me faça santo. Por todos e cada um de vós...

quarta-feira, 14 de abril de 2010


"Livres..."

"É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens". Palavras da Eucaristia que celebraremos amanhã; palavras que desassossegam corações indecisos, que desinstalam consciências dúbias, que esclarecem comportamentos facilitistas e que relembram o essencial a quantos de nós optamos pelo relativismo da fé e da vida!
É Deus que interessa, que vale, que importa, levar a sério!
É à Sua Palavra que devemos obedecer e na qual devemos acreditar! As palavras dos homens, mesmo os religiosos, as suas modas e conjecturas, as suas ciladas e engodos, os seus venenos e as suas «palavras suaves» podem ser profundo atentado àquilo que Deus sonha e deseja para nós!
Que importa os juízos, sempre falaciosos, dos homens?
Que nos interessam as palavras mais ou menos depreciativas do mundo, as condenações sempre efémeras e mesquinhas, deste tempo? Não podemos esqucer que "é preciso obedecer antes a Deus do que aos homens".
Porque só Ele é a Verdade, a Vida e o Caminho desta nossa existência crente, desta nossa condição de peregrinos. Canta a poeta que «o medo, o medo, mata antes de se morrer»! E sinto que há demasiado medo daquilo que os homens possam pensar de nós; que vivemos demasiadamente presos aos pensamentos, aos juízos, às conclusões que os outros possam fazer ou ter a nosso respeito. Dependemos demasiado do «parecer» bem mais do que do «ser»! E isso é atentado à nossa dignidade de seres livres, pensantes, responsáveis, audazes...
Se vivemos pelo que os outros possam dizer ou pensar, isso significará que ainda não nos libertámos do jugo do mundo, das aparências, das máscaras e do faz de conta que nos consome, derrota, engana e desvia do essencial: a fidelidade a Deus mais que aos homens!
Respirar liberdade, sentir liberdade, transpirar liberdade, eis o caminho da verdadeira paz.
Uma liberdade que se conquista na obediência a Deus e não, e nunca, num «ámen» dominador e escravizado aos fazedores de opinião. Mesmo religiosa, Porque essa é sempre passageira, supérflua, condicionada a interesses e vontades pessoais.
Abraçar a liberdade de ser de Deus para podermos servir os homens em espírito e em Verdade...

sábado, 10 de abril de 2010


"Páscoa, simplesmente!"

Páscoa. «Momento» carregado de desafios, de apelos, de horizontes abertos bem diante de cada um de nós...
Páscoa, verdade maior que nos consola, conforta, serena e envia a testemunhar essa manhã gloriosa, sempre nova, sempre em contsrução, pois que os grilhões da morte e das suas tantas traduções intentam conquistar e dominar os nossos corações...
Páscoa, certeza da verdade do Evangelho, da vitória da Vida sobre tudo e todos quantos teimam na adesão ao «velho», ao «passado», ao «efémero» e ao «viciado»!
Páscoa, simplesmente, Jesus connosco, fortaleza de quantos ousam um mundo novo, daqueles que não se contentam com o «estado» da Igreja peregrina.
Páscoa, simplesmente, o Ressuscitado a pedir que Lhe toquemos, que ponhamos as nossas mãos, as nossas vidas, nas Suas Chagas, nas marcas eloquentes da Sua Paixão, no Seu Amor defintivo e eterno que supera e vence todos os nossos desamores humanos e terrenos!
Páscoa, caminhada de cinquenta dias que, vivida de verdade e em compromisso, nos há-de catapultar para a nossa vocação mais sublime: sermos testemunhas da Ressurreição.
Simplesmente porque se o nosso tempo, os homens e mulheres que se cruzam com as nossas vidas não descobrirem em nós os sinais e as marcas do Amor, não acreditarão!
Não ter medo, eis o desafio que Cristo Ressuscitado faz aos Apóstolos em cada uma das Suas aparições; não ter medo de ser Evangelho vivo, de ser encarnação da Páscoa, pois que a vitória desse «projecto» está garantida...
Com efeito, quem de entre nós teimar «buscar entre os mortos Aquele que está vivo» está a correr para o fracasso da vida e da fé; está a abraçar a mediocridade e a falácia do pulsar do coração; está a escolher um caminho sem saída...
É Páscoa. Com tudo o que esse «sinal» grandioso significa.
É Páscoa, simplesmente!

quinta-feira, 1 de abril de 2010


"Gostava de Te agradecer..."

Por mais palavras que procure, não encontro.
Ainda que busque definir o maior e melhor dos sentimentos, nao consigo.
Esforçando-me por qualificar a nossa experiência, não é possível «traduzi-la» em palavras...
Por isso, resta este desejo de Lhe agradecer!
Por tanto. Por tantos. Por todos.
Cansaços, dores, desânimos, medos, dúvidas, que se foram dissipando à medida que avançávamos para o «Altar do Mundo», onde o sorriso e a paz de Maria nos encheria o coração, onde a Mãe de Deus nos agraciaria com a sua serenidade e a sua paz...
Mais devagar, mais depressa, mais fracos, mais fortes, mais cansados, mais enérgicos, mais ansiosos, mais audazes, guiava-nos uma «estrela», um desejo: o de O consolar!
E cada momento teve esse «sabor» de consolação, de entrega, de amor, de confiança, de prece, de louvor.
Agora, regressados, de coração tão cheio de Deus, tão enamorado pela Igreja, tão apaixonado pela imensa aventura divina que é desejar ser todo de Deus, apenas podemos agradecer!
E por isso mesmo, já neste Dia do Sacerdócio e da Eucaristia, meu Senhor e meu Deus, gostava de Te agradecer. Por tudo. Por tanto. Pelas alegrias e pelas tristezas. Pelos sorrisos e pelas lágrimas derramadas. Pela paz e pela «guerra» que sempre nos atormenta. Pela fé e pela dúvida. Pela vida e pelas «mortes» com que nos agracias.
Hoje, particularmente hoje, gostava de Te agradecer!
Porque experiemento, no mais fundo do meu ser que, do nada, fazes grandes coisas...

quinta-feira, 25 de março de 2010


"Gostava de Te consolar"!

Este será o «lema» que guiará os nossos passos; esta será a «trajectória» do nosso peregrinar...
Cerca de 130 jovens partiremos, já amanhã, rumo a Fátima, esse «Altar do Mundo», onde o Céu nos segreda para sempre uma opção de vida e de verdade, de conversão e de eternidade...
Vamos, como Igreja, passo após passo, decididos a sermos «consolo», «presença», «amizade», «comunhão», com Cristo e com Cristo Crucificado, «porta estreita» da nossa salvação.
Partimos bem conscientes de que não caminhamos por caminhar; que não faremos passeios; que não nos desviaremos do essencial. Cada acção, cada prece, cada cântico, cada oração, cada encontro ou desencontro, cada dificuldade ou alegria, cada dor ou cansaço, tudo terá uma solene e divina entrega: para O consolar!
Porque acredito, sei e sinto, que o Coração de Deus continua humilhado, ultrajado, ofendido, magoado. Por nós! Os que nos dizemos Seus! Os que Lhe rezamos, cantamos e comungamos!
«Consolar» o nosso Deus, ao jeito de Maria, a Senhora do «Sim» é a nossa missão, é o nosso caminho.
Porque tantas e tantas vezes O honramos com os lábios mas o nosso coração está distante d'Ele, temos que consolar;
porque demasiadas vezes o facilitismo e a preguiça são a nossa opção prioritária, temos que consolar;
porque com ligeireza O trocamos por deuses e ídolos sedutores, temos de consolar;
porque a nossa vida quotidiana não fala da fé que celebramos, temos de consolar;
porque menosprezamos o essencial aderindo ao medíocre e ao efémero, temos de consolar;
numa palavra, porque somos Pecadores, temos de consolar!
Não, não vamos por ir; não vamos porque é tradição; não vamos porque é «bem»!
Vamos - eu vou - com essa firme intenção! Gostava tanto que com estes dias a pé a Fátima toda a minha vida e o meu coração se convencessem de que vivo para O consolar...