sábado, 19 de setembro de 2009


"Escutar/Ouvir/Ser..."

Somos presenteados com um dom indiscutível: a Palavra de Deus!
Diária ou dominicalmente, a Palavra, o Verbo de Deus, o Logos, vem ao nosso encontro, enquanto peregrinos, caminhantes de um outro Reino...
Um dom inestimável que não sei se lhe damos o devido valor, a real importância.
Na verdade, por ser tão comum esse «encontro» do Céu com cada um de nós, é possível que nos tenhamos já habituado e perdido essa dimensão e horizonte que é para nós essa mesma Palavra! Quantos de nós valorizamos, de verdade, a Palavra? Quantos a escutamos profunda e seriamente? Quantos acreditamos que nela se percebe a vontade de Deus? Quantos desejamos que ela seja semente fecunda da nossa conversão? Quantos aceitamos que a Palavra se dirige e destina a nós mesmos? Quantos não a endereçamos e julgamos fazer sentido na vida deste ou daquele outro?
Fará sentido ainda a Liturgia da Palavra na nossa Eucaristia? Percebemos e cremos que por ela vem a nós também Aquele que chamamos Filho de Deus? E quais os efeitos reais dessa mesma Palavra em nós?
Aprendizes, sedentos, desejosos, ávidos, da Palavra que dizemos ser do Senhor e da nossa Salvação ou, ao invés, somos já autênticos «doutores» que nada têm a aprender, a descobrir, a valorizar? Há tanto tempo que ouvimos (e escutamos) a Palavra que esta em nós já não faz eco e, pelo contrário, ricocheteia no nosso coração ficando impedida de o fecundar, inquietar, incomodar, espantar...
Então, porquê pregar? Como ousar rasgar caminhos de vida apontados pela Palavra se esta não é acolhida como dom e como graça?
Valerá a pena teimar nas homilias nas nossas Eucaristias?
Fará sentido continuar a usar da «palavra» em tribunas onde os ouvintes apenas ouvem sem escutar e, muito menos, vivem aquilo que ouvem?!
Silêncio!
Talvez devêssemos caminhar por aí...
Melhor seria, quiçá, escolher essa modalidade de expressão...
Mais frutos traria à nossa Igreja se, quem de direito, decidisse uma «greve» da Palavra e das palavras na vida da fé...
Eventualmente a nossa postura, escuta e vida diante da Palavra ganhasse mais valor, nos fizesse mais sentido, nos encontrasse mais disponíveis para esse dom, essa entrega, essa revelação sempre nova.
Eventualmente...

5 comentários:

  1. Pe. António: eu entendo o que aqui diz; provavelmente é mesmo preciso o silêncio... mas acho que é o silêncio do meu coração, não o silêncio de uma homilia. Só calando, escuto verdadeiramente a Palavra. Só calando, entendo verdadeiramente as palavras.
    E examino-me e faço propósitos de mudança... e caio e levanto-me... porque o Amor de Deus, que as palavras de uma homilia transmitem, é sempre mais forte!
    Se o meu coração vivesse em silêncio...

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  2. Interpelação forte, esta.
    Sim,é verdade. Penso que não valorizamos esse Bem, esse "dom inestimável".
    Não sabemos o que é "ter fome" por isso não lhe damos o devido valor.
    Se escutassemos,verdadeiranente, a Palavra e nos deixassemos interpelar pela Sua mensagem através da homilia encarnando-A na nossa vida como seriam diferentes as nossas atitudes, como seria diferente a nossa vida,como seria diferente a Igreja.
    Prior, o meu Bem Haja por mais uma vez me inquietar com a sua palavra, que tanto me tem feito crescer.
    Peço a Deus que nunca caia na tentaçáo de fazer "greve". Eu pteciso da sua palavra para melhor viver a Palavra.

    Rosalina

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  3. O silêncio e importante. Mas as suas palavras também. Deus lhe dê coragem para continuar a ser Pastor:)

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  4. Padre António que falta me estão a fazer as vossas palavras, apesar de no meu coração ter as anteriores gravadas em mim, para me recorrer a elas ,sempre quando não posso ir há fonte.
    As suas homilias,todo o vosso esforço não são em vão pode acreditar.
    Elas tem um eco profundo, ELAS mudaram a minha vida.
    E vão mudar mais na sua plenitude a DEUS

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  5. Padre António quando estou a ouvir a homilia penso sempre que é para mim, pois Elas fazem eco profundo,um sentido,um desejo de seguimento da verdade, uma vontade de quando saio mudar tudo em mim que está mal,de seguir cada vez mais a palavra de DEUS.
    A minha dor por vezes é verificar que é difícil aceitar os meus erros e ir em frente para DEUS de coração livre ,eu sei ,sinto que DEUS está há minha espera.
    ELE mostra-me o caminho. Insistentemente.Não me abandona mas espera algo mais de mim.

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