sábado, 8 de agosto de 2009


"Onde só chega quem não tem medo..."

"Sei de cor cada lugar teu

atado em mim, a cada lugar meu
tento entender o rumo que a vida nos faz tomar
tento esquecer a mágoa
guardar só o que é bom de guardar

Pensa em mim
protege o que eu te dou
Eu penso em ti
e dou-te o que de melhor eu sou
sem ter defesas que me façam falhar
nesse lugar mais dentro
onde só chega quem não tem medo de naufragar

Fica em mim que hoje o tempo dói
como se arrancassem tudo o que já foi
e até o que virá e até o que eu sonhei
diz-me que vais guardar e abraçar tudo o que eu te dei

Mesmo que a vida mude os nossos sentidos
e o mundo nos leve pra longe de nós
e que um dia o tempo pareça perdido
e tudo se desfaça num gesto só

Eu vou guardar cada lugar teu
ancorado em cada lugar meu
e hoje apenas isso me faz acreditar
que eu vou chegar contigo
onde só chega quem não tem medo de naufragar".

No caminho da fé, na aventura da confiança, nos trilhos do abandono em Deus, só chega, de facto, "quem não tem medo de naufragar"!
Porque é preciso perder seguranças;
porque não se avança sem deixar certezas;
porque estagnamos se não cortarmos as velhas amarras;
porque desperdiçamos vida se estivermos presos ao cais;
importa enfrentar tempestades e ventos fortes para saborear o risco de se ser de Deus.
Paralisados porque tememos as incógnitas da passagem, jamais nos deslumbraremos no abraço e no encontro prometido na outra margem!
Ser Igreja de Cristo é entrar nessa barca que atravessa já séculos de ondulação.
É ousar marear nos imprevistos das ondas e desviarmo-nos das rotas previamente traçadas por nós mesmos!
A fim de deixarmos que o «sopro» do Espírito nos leve e guie, bem mais para lá do que as nossas certezas estagnadas nos deixam e impelem!
"Mesmo que a vida mude os nossos sentidos", mesmo que a incerteza transfigure o nosso interior, mesmo que o desassossego da aventure baralhe os nossos esquemas demasiadamente humanos, importa avançar, dentro dessa barca de vida e de sonho, e tentar lá chegar, à outra margem, pois que "só chega quem não tem medo de naufragar"!
Podes permanecer quieto, impávido, paralisado, medroso, «seguro»!
Mas ficarás, certamente, privado "desse lugar mais dentro" que é o colo de Deus...

8 comentários:

  1. «ONDE SÒ CHEGA QUEM NÂO TEM MEDO«
    Amar a DEUS foi sempre da minha vida ,desde que me lembre embora ao longo do tempo por vezes desviamos um pouco ou não seguimos como devia ser.
    Eu não quero ter medo de naufragar,eu preciso de ir em frente e entrar feliz e serena no colo de DEUS.
    Sei que tenho muita coisa a fazer,mas desde aquele dia de 4ºfeira de cinzas muita coisa mudou em mim.

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  2. Esta meditação faz-me pensar na vida que não vou levado… porque “presa ao cais”…
    A Barca, nas ondas, à minha espera… e eu, “presa ao cais”… porque temo a rota que possa tomar, certamente diferente da que planeei, certamente mais agitada… mas que é caminho seguro para o “colo de Deus”...!
    Quando ousarei embarcar?!...

    Aninhas

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  3. Sim, Pe. António, pôs o dedo na ferida de muitos de nós. Temos medo das tempestades e preferimos ficar bem quietos, bem no nosso cantinho, à espera, à espera...
    Com receio das ondas altas, perdemos a beleza da aventura e da novidade de Deus.
    Mas sempre foi assim! Não estamos habituados a essa força e garra que nos incute. Somos demasiadamente pacatos, serenos, à espera não sabemos bem de quê.
    É o mais fácil, o mais estável, o religiosamente correcto, a diplomacia sorridente e a simpatia pessoal, aquilo que nos vai movendo para, afinal lado nenhum. Desculpe ir anónimo mas não consigo escrever o nome. E neste anónimo cabe imensa gente.

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  4. Que fazer para sairmos desta letargia?
    Sinto uma vontade enorme de ser diferente, de mostrar a minha fé, de ser mais interveniente até na Igreja mas, os outros, as desculpas, as tradições, o tempo (outra desculpa não é?) parece não chegar e não entro a sério nessa barca. Ou entro, sinto-me lá, mas não sinto que saia do mesmo sítio.

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  5. E será que alguém chega?
    Não estaremos todos presos a muitos cais e muitas seguranças?

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  6. É verdade DEUS nada tinha e nós amarramo-nos a tudo na terra esquecendo que isso não vale de nada,que ,é tudo vão, fútil ,temos conhecimento disso e vamos deixando passar o tempo ,ficando presos nesta margem sem atavessar .
    Como é bom o alerta o desassossegar do Pe. ANTÒNIO,o querer levar-nos á outa margem para conhecermos realmente o que vale a pena o «COLO DE DEUS».

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  7. Só para dizer que gostei imenso desta mensagem. Talvez por ser tão verdadeira. Talvez por ela ser espelho da vida pouco cristã das nossas Paróquias. Sou de Cascais e sei bem o que é ser uma igreja parada, com pouca vontade da parte dos cristãos em se soltarem de amarras tradicionalistas. Que pena não arriscarmos mais!

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  8. Pe. ANTÒNIO já percebi que as férias acabaram ,desejo que continue bem e Feliz e que todos em conjunto possamos subir a jangada sem medo de naufragar.
    Existe um longo Ano á frente para com DEUS se ir em frente.
    BEM HAJA.

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