sábado, 15 de maio de 2010


“Livres”. De verdade."

“Nós, sacerdotes,
queremos ser pastores
que não se apascentam a si mesmos,
mas se oferecem a Deus pelos irmãos,
nisto mesmo encontrando a sua felicidade”.

“Somos livres para ser santos; livres para ser pobres, castos e obedientes; livres para todos, porque desapegados de tudo; livres de nós mesmos para que em cada um cresça Cristo, o verdadeiro consagrado do Pai e o Pastor ao qual os sacerdotes emprestam voz e gestos, de Quem são presença; livres para levar à sociedade actual Jesus Cristo morto e ressuscitado, que permanece connosco até ao fim dos séculos e a todos Se dá na Santíssima Eucaristia”.

Estas são apenas algumas das belíssimas palavras que o Papa deixou aos pastores que nós somos; palavras que são, simultaneamente, consolo e desafio, esperança e apelo, a fim de sublinharmos mais e mais em cada um de nós a beleza da graça que nos habita e nos consome, nos enleva e nos envia para servir e dar a vida pela Igreja presente em cada outro!

Como permanecer indiferente a esse caminho traçado pelo Sucessor de Pedro ao sublinhar que não podemos mais ser pastores de nós mesmos?! Não podemos mais ser anunciadores das nossas palavras em detrimento da Palavra que é Jesus Cristo! Não podemos mais propor a nossa pessoa, as nossas ideias, os nossos «devaneios», as nossas questões meramente humanas e terrenas de acordo com as nossas espiritualidades particulares! É de Cristo que somos voz; é a Cristo Quem temos de anunciar; é a Cristo a Quem devemos obedecer mais que aos homens e aos seus critérios e vontades!

Como não acreditar – bem cá no íntimo do nosso ministério, no mais fundo da nossa alma, que a nossa felicidade e a nossa paz advém apenas da nossa fidelidade a Cristo e ao Seu Evangelho, apascentando, até doer, se for preciso, todos – e nunca apenas uns quantos – que o Bom Pastor nos entrega para lhes ofertar o nosso único tesouro: a graça de Deus?!
Como passar do simples desejo desta paz e desta fecundidade da missão sacerdotal?
O próprio Papa nos esclarece e relembra: sendo livres! Verdadeira e profundamente livres!

Livres de todos e de tudo quanto nos desvia do essencial para podermos ser completamente de Deus. Livres das amarras económicas, sociais, particulares, financeiras, oportunistas, que intentam pastores para lhes abençoarem posturas, comportamentos, religiosidades! Livres de pensamentos, sistemas, doutrinas particulares, espiritualidades tribais ou elitistas, para que sejamos capazes de dar a mão e o coração a cada outra mão e a cada outro coração!

«Livres de nós mesmos» para não nos endeusarmos nem a nós nos anunciarmos! «Livres de nós mesmos» a fim de podermos espelhar a beleza de Cristo e a Sua Palavra. A fim de testemunharmos a radicalidade da Cruz e a salvação que dela brota mais, bem mais, que a suspeita suavidade da lógica dos tempos e a perigosa ligeireza de estilos de vida que não se adeqúem jamais à vida de quem crê de verdade na mensagem de Jesus de Nazaré!
Que bom que o Papa nos inquieta, nos provoca e nos «ressuscita» para o essencial. Que fantástico o Sucessor de Pedro nos relembrar a simplicidade e a urgência da nossa missão. Que única esta oportunidade de cada um de nós recomeçarmos, com renovada paixão, esta aventura decisiva de sermos fieis pastores da Igreja que Jesus sonhou santa e serva diante de toda a humanidade.
«Livres», «livres» verdadeiramente para apenas nos deixamos aprisionar pela paixão a Deus, num amor incondicional, permanente, jamais agendado ou dependente de gostos ou paixões particulares, a cada homem e mulher que vem a nós e a quem buscamos por amor à salvação.
«Livres» para não dependermos nunca de nada nem de ninguém senão somente da Graça que Cristo nos promete, do Seu Espírito Santo àqueles que a Ele se abrem profunda e humildemente.
«Livres» para podermos anunciar o Evangelho denunciando sempre tudo quanto a ele é ameaça, «nuvem» ou adulteração. «Livres», enfim, para sermos tudo para todos em nome d’Aquele “que permanece connosco até ao fim dos séculos e a todos Se dá na Santíssima Eucaristia”.

6 comentários:

  1. Caro amigo, confesso que nem a liberdade que professo, que procura deixar-me de espírito livre para todos, que me escora na certeza de que por cá andamos pelo prazer de aceitar, perceber e viver as diferenças que nos devem unir, me havia ainda acordado para esta realidade: Bento XVI faz mesmo sobressair o que de melhor temos em nós!
    A timidez, o rosto um pouco fechado, ainda que meigo, a incomparável comparação com o seu antecessor levou tantos a um injusto engano, levou à dúvida, levou muita gente à incerteza de que este sucessor de Pedro pudesse estar à altura, pudesse ser quem, afinal, verdadeiramente é! E Joseph Ratzinger é muito mais do que um aparente fidalgo, do que um portentoso intelectual, um cardeal crítico e pragmático; Ratzinger não é Karol Wojtyla; Bento XVI não substitui João Paulo II. Este homem não é o que é de um dia para o outro. Este homem é a convicção de que Cristo está sempre entre nós! A simplicidade dos seus gestos e a força das suas palavras deixam-no à mercê de TODOS! O Santo Padre acorda a certeza de que Cristo vive em nós!
    Eu não tive a sorte de acompanhá-lo nestes dias, em que espalhou a luz por Portugal, em que as chuvas e o cinzento dos céus voltaram assim que nos deixou; porém, vi a certeza da sua preciosa serenidade no olhar de quantos o miravam, escutei o seu apaixonante tom de voz e senti com prazer a sua suavidade; entendi que a grandeza da sua entrega é crescente, a imensidão do seu espírito abraça-nos com um carinho intenso, tão genuíno, que, depois de tudo o que nos deixou enquanto cá esteve, resta a escolha posssível: a da constante entrega ao nosso semelhante, como ele o faz tão bem!
    Obrigado, meu bom amigo Pe. António! As tuas palavras recordam-nos, afinal, que Bento XVI foi-se embora, mas não partiu dos nossos corações. Bento XVI encheu-nos de Paz! Deixou-nos “Livres. De verdade”!
    Forte abraço e, porque o que tem de ser tem muita força :-), até breve!
    Francisco

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  2. Maria Amélia Ameixoiera15 de maio de 2010 às 08:49

    Em plena identificação com o apelo que o Santo Padre faz ao desprendimento de tudo quanto não seja Deus,recordo que a mim própria que essa tem sido a pedra basilar do meu crescimento em Cristo.
    Em cada dia procuro depender totalemente de Deus, seguindo Cristo e o seu Evangelho e desprender-me de tudo quanto não seja Deus.
    O apego a pessoas, a coisas, a situações, ao poder, ao dinheiro, à fama, a..., acarreta o medo.
    O medo de perder.
    De perder as pessoas, a raiva de não as possuir, o ciume de serem de outrem, a inveja do que os outros têm, o orgulho e a vaidade de ter fama e o medo de a perder, a arrogância de ser bom e o medo de não ser reconhecido por alguém.
    Enfim, e apenas como exemplo, sempre o Medo a funcionar como barómetro da sentir, do pensar e do agir.
    O Medo é o contrário do Amor.
    Corta o canal com Deus.
    Os grilhões das pulsões emocionais não permitem encontrar a Paz necessária ap encontro Total com Deus.
    Só um ser totalmente livre de amarras,totalmente livre do apego doentio, é capaz de Amar incondicionalmente o próximo do jeito que Cristo ensinou.
    Eu quero ser totalmente dependente de Deus e totalmente livre para amar o próximo como a mim mesma.
    Comungo da mensagem do Senhor Padre António neste apelo à total dependencia apenas de Deus e do avanço no caminho da santidade.
    A Paz interior que esse estado de Graça permite é já um vislumbre do que é o Reino dos Céus, ainda na Terra.
    Que Deus nos ajude a todos nesta caminhada

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  3. "O Senhor me fortalece,
    Ele está sempre a meu lado.
    O Senhor, que vem ao meu encontro...
    "
    Se eu deixar... se eu me libertar...
    Como o Santo Padre... como tantos Sacerdotes...

    Só posso agradecer, continuar a rezar, confiar.
    Porque quero ser "Livre. De verdade."!

    Porque, aqui no Estoril, o meu Prior conta comigo... Deus conta comigo!

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  4. Sr. Prior que bem nos fez a presença do Santo Padre, com Seu sorriso meigo,Suas palavras que nos enchem o espírito de uma Fé mais avassaladora e uma vontade de que todos a possam sentir no coração.
    Nosso caminho é só um, Jesus Cristo e difundir a Sua Palavra de um modo que quando chegarmos ao fim do dia posamos parar e pensar, amanhã tem de ser melhor,podia ter ido mais além.
    Na verdade os baixos sentimentos de que tantas vezes somos portadores, destroem e não conduzem ao caminho do Senhor .
    Vamos todos com força e humildade olhar para dentro de nós , reflectir e caminhar para Jesus Ressuscitado.
    Bem haja Padre António por ser como é,humano, Pastor e no caminho de Deus.

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  5. É bom ser livre de verdade,deixar que os nossos sentimentos afluam, com o pensamento sempre em Cristo Ressuscitado ,porque se o faço é porque o sinto ,com muita fé,muito Amor, em quem nos deu tudo, a vida e o mundo, para nele vivermos em Seu Amor,de coração aberto,nunca com sentimentos negativos.
    Existe uma renovação, uma Paz interior ao ler,meditar,comentar,(comentar? quem sou eu uma pobre pecadora que nada sei ,apenas exteriorizo o que me vai na alma) e ouvir as Palavras do Evangelho pelo nosso Prior ,um ser humano,com virtudes e erros como nós mas um Pastor , sempre com os olhos postos em DEUS,bem haja.
    Encontrar DEUS é encher a nossa vida de Amor,Luz pelo Espírito Santo,é dar pouco a quem nos deu e continua a dar tudo,apesar das nossas incoerências.
    Nunca vos conseguirei louvar tudo Senhor.

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  6. Talvez não saiba muito bem o que dizer ,mas sei que o meu coração Lhe estará eternamente agradecido Pe. António por me mostrar o caminho, dia após dia, para ser livre de verdade para Jesus Cristo.
    Tudo muda...nós...os outros...e há outra modo de olhar tudo...porque temos em nós jesus Cristo que resplandece segundo a segundo.
    Bem Haja ,um bom dia.

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