terça-feira, 12 de janeiro de 2010


"Por onde vamos?"

“Que eles sejam um, ó Pai, como Eu e Tu somos um”!
Este desejo de Jesus, este sonho do Mestre, esta vontade do Senhor, parece mais que nunca uma realidade urgente e premente no seio da Igreja.
Na verdade, a desunião dos cristãos – todos eles, padres, bispos, fiéis – são o pior testemunho que se pode oferecer ao mundo! Falamos de amor e de caridade, quando não raras vezes abraçamos a maledicência, a crítica destrutiva, a indiferença à «sorte» daqueles que não são nem pensam como nós!
Pregamos a solidariedade e a fraternidade, enquanto testemunhamos invejas, apatias, egoísmos e falta de frontalidade!
Afirmamo-nos discípulos da verdade e da transparência e, com demasiada facilidade somos profetas da mesquinhez, da ligeireza e do elitismo!
Estas, e muitas outras atitudes, infelizmente mais comuns que o desejável, conseguem simplesmente o descrédito da fé e o afastamento da Igreja!
«Falinhas mansas», «diplomacias facilitistas» «piedades opiáceas» e «espiritualismos cegos e alienantes» jamais conseguirão falar eloquentemente do Evangelho!
E o que mais custa é que depois nos queixamos da secularização do mundo e da indiferença religiosa que grassa na sociedade! Pudera! O mundo quer um Deus vivo, revelado nos que se afirmam crentes; deseja um Deus comprometido com a vida dos mais pobres, nas mãos dadas dos fiéis; sonha um Deus da verdade e da justiça, vivenciado nos que se dizem seguidores do Evangelho! Não querem palavras, rezas, piedades e liturgias divorciadas da vida concreta!

A falta de comunhão entre os cristãos, revelada no seio das próprias comunidades, mostrada nas relações entre os sacerdotes, vivenciada na indiferença que prossegue na vida dos fiéis, alcança simplesmente um «travão» na tarefa da evangelização.
Como nos podemos acomodar a esta situação? Como aceitar pacificamente esta «paz podre»? Como pactuar com espiritualismos sem compromisso com a radicalidade do Evangelho? Como viver serena e pacatamente envolvidos e presos, abraçados e lisonjeados apenas por aqueles que pensam como nós, por quantos alimentam este «sistema» caduco e sem saída? Como dormir tranquilo se a nossa órbita são apenas aqueles que não nos «incomodam», «provocam» e «desinstalam»?
«Bairrismos» de conveniência, «tribos» de circunstância, «elites» proveitosas, «amizades» catapultadoras do nosso ego, terão a bênção do Evangelho? Serão caminho de unidade na Igreja? Oferecerão ao mundo as marcas do Reino de Deus?
Não me parece haver outro caminho para a fecundidade da nossa missão se não mesmo essa comunhão e unidade entre todos. Uma unidade que é substancialmente distinta de unicidade e de ausência de pluralismo de pensamento; ao contrário, é abraço das diferenças, é frontalidade e verdade na busca da Verdade que é apenas Deus…

11 comentários:

  1. "Por onde vamos?"
    O caminho da vida e do bem é muito sinuoso e difícilmente o conseguimos levar sem nos magoar-mos .
    Existem sempre corações que distorcem o que se faz,não compreendem ou não querem compreender,mas continuar a fazer o bem compensa
    DEUS no percurso da SUA vida sofreu muito ,mas não desistiu nunca e sei que o Sr.PRIOR também não o vai fazer é um coração preocupado e com muito para dar.
    Gerir algo onde existe seres humanos desperta sentimentos negativos, mas DEUS está lá para ajudar a gerir tudo isso com muito Amor,trabalho desarmando um a um para o positivo e para o Amor sincero daquele que nos rege a todos.
    Ano Novo ,pensamento novo sempre com
    Ele no Altíssimo que nos vÊ e caminha comnosco e obra com garra com ajuda dos bons e o seguimento dos menos bons.

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  2. Sr.Prior que todos os objectivos sejam alcançados nestes dias, em que mais uma missão será feita para « pescar» alguns corações que ainda não se deixaram seduzir pelo DEUS Menino no Presépio.
    Terá a força da minha oração

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  3. "Quem fala assim não é gago"
    Louvo sempre o Senhor pela sua frontalidade, realismo, lucidez e fidelidade ao Evangelho.
    O que faz falta à Igreja é haver mais PADRES ANTÓNIOS que não tivessem medo nem vergonha de ser cada vez mais de Deus. Padres que levem a sério a sua MISSÃO de PASTORES.

    É na verdade oportuno e pertinente perguntar:
    " Por onde vamos?"
    Que Deus renha compaixão de nós e nos ajude a tomarmos as decisões certas na hora certa e sejamos corajosos a fim de sermos testemunhas credíveis do Ressuscitado.

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  4. muito poucas sao as pessoas com quem podemos partilhar este sentimento de amor por jesus, isto porque os valores sao muito distintos e isto faz com que isolemos os nossos pensamentos/sentimentos no nosso coraçao! É pena que cada vez mais as pessoas se desliguem do amor do nosso grandioso pai. É pena que nao sintam/acreditem que jesus está sempre presente...

    Maravilhosas as suas palavras sr prior...

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  5. É bem verdade... Hoje, junto de Maria, assolou-me novamente este pensamento: Nem todos os que falam em doação, se entregam, nem todos os que falam em verdade, são verdadeiros, nem todos os que falam em valentia, enfrentam os seus medos, nem todos os que falam em Amor, amam de verdade... Que exemplos de vivência obtemos daqueles de quem esperávamos "mais"? E que exemplos somos nós próprios?...

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  6. Será que sentimos estas palavras que, por vezes, cantamos?
    "Olhando à minha volta vou pensando
    na vida que hoje vou levando...
    Será que me dou sem perguntar?
    Ou que me julgo melhor?
    "

    Como é grande a minha pequenez...

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  7. «Quem tem ouvidos, oiça!» (Mt 11, 15)

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  8. É com muita tristeza e desagrado que de facto vejo todos os Domingos pessoas que vão à missa apenas porquestões de elitismo, de posicionamento social. Não faz qualquer sentido. A Igreja não é um evento social. A Igreja é um local de culto, um lugar onde estamos com Deus, onde deixamos de parte todo materialismo que existe lá fora para nos conseguirmos encontrar a nós próprios e a Deus.

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  9. Por onde vamos não sei ,mas eu já escolhi outro caminho ao longo de um Ano,um caminho em que Deus
    com a SUA Luz está sempre presente em mim.
    Tudo vou fazer para que atraz de mim venha mais alguém conhecer essa Paz inquietante ,que não nos deixa parar, até que de uma maneira ou de outra nos pormos ao serviço dos outros.
    Bem Haja Pe. António

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  10. Sr. Prior muitos dias são as SUAS Meditações que nos dão o alento, força , esperança ,discernimento do que nos rodeia e sobretudo nos faz chegar a DEUS com maior intensidade e Amor.
    Quantas vezes volto atrás a lê_las e encher o meu coração de esperança na vida e de Cristo .
    Não é fácil conseguir ir há « Fonte» quando necessitamos, quantas vezes recorremos ás meditações,como eu amava podé-lo fazer mais vezes .
    Há muitas pessoas que não as comentam mas há muita gente que as le com toda a alma.
    Obrigado Pe. António por todo o Seu Amor ,dedicação aosSeus paroquianos

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  11. E que sei eu do que vai no coração do outro?...
    Quantas vezes não fazemos juízos de valor completamente errados apenas porque julgamos à nossa medida? Julgamos por aquilo que vemos, por aquilo que ouvimos, pelo exterior.
    Não pelo coração...
    Aprendi a fazer isso: por mais estranha, inusitada, irreal que pareça a atitude, a reacção, há alguém por detrás dela.
    Quero conhecer esse alguém. Esse alguém que já amo...

    "E quem sou eu para falar ou para julgar?
    Que faço eu que não consigo dar?
    Quisera eu amar, nada pedir para mim.
    Quisera eu a Ti saber amar..."

    Quisera eu poder amar...

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