sábado, 23 de janeiro de 2010


"Igreja"

Após uns dias de interregno, regresso à partilha com cada um…

«Ausente» deste «fórum» diante das tantas e diversificadas tarefas a que tive de «deitar mão», incapacitando-me de «falar» para aqueles que aqui percebem um pouco mais e melhor o meu caminhar sacerdotal…
Na verdade, a última semana, mais propriamente, os últimos 15 dias, foram de uma actividade imensa, quase extenuante. Fascinante, entusiasta, profundamente eclesial, mas ainda assim, super cansativa.
A vivência de um Cursilho de Cristandade de Homens, com os respectivos encontros de avaliação e apresentação dos «novos» a quantos já fizeram essa experiência maravilhosa de fé e de graça, diz já do «imenso» tempo e disponibilidade interior que exige para a fecundidade dessa mesma experiência… Mas continuo a «gostar» desse cansaço tremendo vivido em nome da Igreja, por amor ao Senhor Jesus; teimo nessas vivências que me proporcionam sobremaneira a eficácia da graça de Deus na vida concreta de vidas, tantas delas há muito afastadas de Deus e da paz e felicidade de quem a Ele se entrega sem medidas…
Continuo a «gostar» deste sentir-me «esgotado», «sem tempo para nada» porque nos gastamos no essencial do ministério: anunciar Jesus Cristo e o seu Evangelho.
Aliás, já no dia 3 – e até dia 6 – terei de novo esse serviço e essa experiência ao viver um novo Cursilho desta vez de Senhoras…
Obviamente que alguns dias «fora», fisicamente, da paróquia, obrigam depois a um intensificar também dos serviços na Comunidade. Daí, como comecei por dizer, a minha «ausência» deste diálogo habitual com cada um…
«Ausência» justificada pois que também em cada um destes dias «fora» deste espaço, foi apenas e sempre, esta vontade de servir e amar a Igreja o «motor» de toda a acção, de cada entrega, de cada dia, minuto ou segundo deste meu peregrinar…
Um serviço à Igreja que se pauta sempre por alegrias e dores, por luzes e sombras, por entusiasmos e medos, por derrotas e vitórias. Mas teimo em afirmar que «sei em quem pus a minha confiança»; creio que as dificuldades da caminhada são apenas oportunidades de crescermos na fidelidade ao Mestre. «Mesmo que custe e, precisamente, porque custa» como tão bem me ensinaram.
Um serviço à Igreja que ainda não é assumido por todos da mesma forma, que dela se servem, mais que a amarem e servirem! Muitos há que olham ainda a Igreja como realidade exterior, como fenómeno «acessório» e «pontual»! Muitos há que intentam obrigar a Igreja a actuar e a restringir-se a critérios empresariais, sociológicos ou economicistas, como se de uma realidade simplesmente humana se tratasse!
Por isso mesmo, há um longo e demorado caminho a percorrer. Há ainda a necessidade da experiência da cruz e da ressurreição em cada um dos nossos passos. Valer-nos-á o olhar fixo em Jesus. Aí, a única fonte, a única força, a única esperança, a única razão desta «estranha forma de vida» que muitos ainda procuram uniformizar e reduzir a uma profissão ou ocupação de cariz espiritualista sempre que buscam e se esforçam por a «formatar» ao cumprimento de rituais!
Dizer Igreja é dizer vida, é dizer verdade, é dizer entrega, é dizer disponibilidade, é dizer cruz, é dizer lava-pés, é dizer, numa palavra, Jesus Cristo.
Só assim vale a pena ser apóstolo, discípulo, aprendiz de cristão…

7 comentários:

  1. O Pe.António é um apóstolo de Jesus Cristo.
    A Sua missão não se confina a quatro paredes,mas sim levar Deus a quem DELE precisa seja fora ou dentro da Igreja,è um «pescador»de homens para que encontrem o caminho da vida que é Deus.
    Dá gosto ver todo o trabalho com os jovens que enchem a Igreja com toda a sua alegria e juventude são os Apostolos do futuro e todas as outras actividades e responsabilidades .
    É um cansaço descansado estar na Graça de DEUS cumprindo o que ELE espera de nós.
    Bem HAja por ser assim e estar junto de nós.

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  2. É mesmo verdade que muita gente ainda vê a Igreja como um super-mercado e o sacerdote como mais um funcionário! Que triste que seja assim. Não caminharemos para Deus ao ritmo que Ele sonhou. Seremos até impecilhos a que muitos outros se abeirem Dele e da Igreja. Continue a guiar-nos e a incomodar-nos senhor prior.

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  3. Gosto de percebere a inquietude positiva de um sacerdote; um cansaço teimoso que desassossega e provoca. Oxalá os seus paroquianos entendam e acolham essa mensagem que denota um imenso amor à Igreja e aos homens. Obrigado pelo seu testemunho.

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  4. Mais uma vez obrigado por partilhar connosco o seu coração. Tínhamos saudades dessas palavras que falam de vida. Mesmo que algumas vezes elas transpareçam alguma dor ou tristeza. Sabe bem que há muita gente a rezar pelo seu sacerdócio. Bem haja Pe. António

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  5. "«sei em quem pus a minha confiança»; creio que as dificuldades da caminhada são apenas oportunidades de crescermos na fidelidade ao Mestre."
    Nestes dias, particularmente nestes dias, guardo estas palavras...

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  6. "Um verdadeiro Homem não deseja mais do que aquilo que pode conseguir honestamente, para poder usar moderadamente, distribuir alegremente e abandonar contentemente". Será que todos nos identificamos com este perfil?...

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  7. O Cursilho era uma vivência que eu estaria aberta a fazê-lo com toda a dedicação, em viver mais intensamente o Amor de Cristo,talvez um dia o faça.
    Para Deus nada é impossível.
    Deus, tem sempre reservado para nós muita coisa boa, só que ás vezes, estamos um pouco longe para compreender que tudo tem sentido e que nem sempre é chegada a altura para o que queremos,a nossa missão tem de ser cumprida com humildade Fé , Amor muito Amor,nada na vida é á toa Deus é Perfeito.
    Obrigado Pe. António por mais uma vez estar connosco a partilhar todo o Seu sentir, é um Apóstolo de Jesus Cristo e sobretudo um ser humano com muito Amor que se extenua até ao limite.
    Também é preciso descansar um pouco e ir serenamente á «Fonte» retemperar as forças.

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