quinta-feira, 6 de agosto de 2009


"Juntos, em caminho"

"São braços, abraços estreitos
gente que vai e que vem
gente parada a ver passar
são as imagens das viagens
de quem foi p'ra muito longe
de quem só sonhou um dia lá chegar...

Nas ruas ficam as marcas da coragem e do medo
nas sombras da madrugada
há quem fuja ao seu degredo
e grite a negro nas paredes
são braços, abraços estreitos
que se dão ou que se vendem
nos atalhos da má sorte

É a vida a contorcer-se ao sabor da multidão
é a falta de coragem que mata mais que a morte
mata antes de se morrer...
nas ruas ficam as marcas do que alegra ou entristece
o grito de quem se cala
quando outro dia amanhece".


Quando o «não sentido» invade a alma e o coração de tantos e de tantas;
quando a esperança foge das vidas dos homens e mulheres deste tempo;
quando o «amanhã» desaparece da caminhada do tempo;
quando a fé é palavra vã e perigosa na caminhada das gentes;
quando a entrega e a confiança no Alto nos aparece como «fraqueza» ou «fuga do mundo»;
aí, aí, Jesus, O Deus manso e humilde de coração, o Deus servo de todos, o Senhor poderoso manifestado na ignomínia de uma Cruz, vem ao encontro dos corações!
Como um mendigo!
Como um pobre!
Disfarçado, revestido, com as vestes do perdão e da ternura, da misericórdia e da paz, da singeleza e da humildade, para que que os homens aprendam e reaprendam Quem e como é Deus!
A fé autêntica, a religião verdadeira, a crença genuína, é sorriso e é ternura, é perdão e disponibilidade, é entrega e afeição, é coração, afecto e sentimento...
É verdade que, não raras vezes O embrulhamos em «teorias» e «teologias» indecifraveis; que demasiadas vezes O escondemos nos nossos esquemas e verdades imutáveis, privando assim, os corações deste tempo de se desassobrarem e espantarem pela beleza que Deus irradia a cada instante!
Importa olhar os braços e os abraços que o mundo nos pede!
Urge perceber que nas ruas dos homens permanecem ainda os medos do encontro com Deus!
Interessa a atenção de quantos "fogem ao seu degredo e gritam a negro nas paredes" da vida, da desilusão, do medo, da descrença, da desconfiança... e aí, sermos, simplesmente, rosto de Cristo que ama, liberta, salva, acolhe e abraça todos os homens.

Enquanto temos tempo, enquanto temos fé, enquanto temos coração a pulsar, tenhamos a coragem de encarnar em nós, crentes, a força e a liberdade de sermos discípulos do Amor.
Para que se trave essa desventura "da vida a contorcer-se ao sabor da multidão" de incontáveis outros homens e mulheres, peregrinos da esperança e da vida verdadeira, como nós, pelos caminhos da História...

11 comentários:

  1. Esperança AMOR em CRISTO é tudo o que eu consigo pensar agora. Fechar os olhos e refugiar-me nos braços d'ELE e escutar as suas palavras,ouvir o que ELE me segreda de mim.
    Obrigada PADRE ANTÒNIO, pelas suas meditações,pelo seu Amor a nós.

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  2. Existe uma coisa muito prioritária que necessito de fazer que é ir fazer o sacramento da reconciliação e a partir daí,DEUS dar-me-á a orientação que e é tão necessaria .
    O homem novo tem de se sobrepor ao velho,ir como eu foi andar ao vento e falar com DEUS e voltar mais confiante.

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  3. Gostava tanto que fosse assim a minha fé...
    Desejo tanto que em mim se reconheça a face de Jesus...
    Anseio tanto por esta Igreja que revela como é o nosso Deus...
    Juntos, bem podemos ir mais longe. Porquê, como diz o Pe. António, ter medo de caminhar para Deus e abrir-Lhe o coração?
    A coragem, a ousadia, também são predicados da fé cristã.

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  4. É bem verdade: «enquanto temos tempo»!
    Adiamos sempre para um amanhã que nunca mais chega essa nossa entrega, essa nossa coragem.
    Será que depois não é tarde demais?
    Será que não é agora que a Igreja precisa de nós a tempo inteiro?
    Será que não é já que a nossa Paróquia precisa de corações sem medo de servir, trabalhar, entregar e dar a vida?
    Enquanto é tempo...
    Por cada preguiça, por cada exitação, alguém fica mais pobre!

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  5. Gosto sempre tanto destas meditações.
    Como me ajudam a não facilitar e a não banalizar a minha fé.
    Incomodam-me às vezes, provocam-me, é verdade. Mas se não for assim a nossa fé adormece, estagna e ganhar bulor!
    Só espero que o Pe. António não deixe de ter tempo e vontade para continuar, desta forma diferente, a falar-nos de Deus...

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  6. Hoje pela primeira vez faço um comentário ao blog.
    São ricas para mim e preciosas estas palavras que todos os dias este sacerdote aqui coloca. Ainda que o não conheça, não é difícil perceber a sua vontade de ser mais de Deus e de querer levar tantos outros atrás de si. E isso é uma atitude tão meritória.
    Como cristão, como discípulo e filho da Igreja, senhor padre, bem haja por esse esforço que decerto faz para quotidianamente revelar o seu «sentir de pastor» aos seus paroquianos e a todos aqueles que o não são pastoralmente mas se sentem bem e crescem pela oportunidade que nos dá ao deixar falar o seu coração.
    Acredite, senhor padre, que essa iniciativa fala mais longe do que possa imaginar...
    Até breve, até sempre.

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  7. Como é duro puvir isto... como incomoda, interpela, abana e dói... supostamente como cristã nunca deveria andar triste, nao ter esperança, desistir, não ter fé, não acreditar.. Deveria sim ser alegre, ser "rosto de Cristo", ter fé e mostrá-la, não desistir e acreditar...

    Por isso Pe. António obrigada por estes abanos... que nos tiram o sono e nos acordam para a vida...

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  8. Como eu quero ser assim: "rosto de Cristo que ama, liberta, salva, acolhe e abraça todos os homens.” que vão cruzando o meu caminho
    "E vou tentar, Senhor, e hei-de conseguir,
    a minha vida vou mudar…”

    Aninhas

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  9. "É verdade que, não raras vezes O embrulhamos em «teorias» e «teologias» indecifráveis; que demasiadas vezes O escondemos nos nossos esquemas e verdades imutáveis, privando assim, os corações deste tempo de se desassobrarem e espantarem pela beleza que Deus irradia a cada instante!"
    Por serem tão verdade estas palavras, quantos deixaram de acreditar em Deus?!
    Porque somos tão dogmáticos, «recionais», duros, na apresentação da nossa fé, conseguimos semear a descrença e a indiferença.
    Porque não voltar à simplicidade da Boa Nova de Cristo? Porque não abraçar o Amor como nos pede tantas vezes o Pe. António?

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  10. Faço minhas as palavras de quem comentou:
    «Acredite, senhor padre, que essa iniciativa fala mais longe do que possa imaginar ... »
    Como testemunha o facto de os comentários que aqui se lêm serem cada vez mais numerosos.
    Ou facto de alguém perfeitamente racional e absolutamente descrente como eu vir cá todos os dias pontualmente ler o que escreve, porque me espanta,intriga-me e me encanta essa força misteriosa que o anima.

    X (a caminho)

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  11. PADRE ANTÒNIO ,na verdade »A força misteriosa » que o anima sò pode vir de DEUS é algo transcendente que nos ultrapassa ,que nos faz ir até DEUS de pensar na vida nos outros, na Luz Divina ,ter mais FÈ,tudo nos transmite.
    Neste blog, na Eucaristia existe sempre algo que nos prende muito forte,esquecemo-nos de nós e estamos para DEUS e para os outros, nada mais interessa.

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