"Até despertar"
"Eles sentaram-me à mesa do medo
No banco mesmo a seu lado
Sentia-lhes o corpo hirto
E gelado de tão perto
Sentia-lhes o cheiro podre
De tão velho
Que o medo perdeu a idade
No labirinto dos homens
E escorre pelas sombra
Dos corredores
Eles sentaram-me à mesa do medo
No banco mesmo a seu lado
Ouvia-lhe a boca negra dizer-me:
«Não penses, assim não sofres»
Virei a mesa do medo
E pensei
Que há mais para virar
Virei-me por dentro
Até despertar".
Quantos de nós sentados à beira do medo, de um medo que nos impede de ser de Deus!
Quantos medos infundados e sem sentido, de nos entregarmos, generosa e desmesuradamente, a um ideal antigo e sempre novo chamado de Evangelho!
Ter «medo» de Deus e do que Ele significa, ter medo do Amor e das suas consequências, ter medo da verdade, custe o que custar, ter medo da disponibilidade que nos pode levar para além de nós mesmos, ter medo da ternura que nos revela frágeis e humanos é, simplesmente, atraiçoar esta humanidade que somos e que edificamos!
Há que virar "a mesa do medo", dos medos, que travam a possibilidade de um mundo novo, começando por «virar-se por dentro» a fim de despertar!
Despertar de letargias e sonos, de complexos e mesquinhezes, de facilitismos e mediocridades!
Para pensar, para agir, para viver, para amar, mesmo que isso nos faça doer!
Se permanecemos sentados "à mesa do medo", ousemos despertar e sair.
Sair em liberdade verdadeira!
Talvez não seja bem medo. O outro dia falava com uma pessoa da Caritas de Beja que me dizia que ai só as mulheres vão à missa; os homens não. Dizia esta pessoa, não é bem visto que um homem vá à missa, por isso os homens ficam nos cafés, não entram na igreja, ficando à espera que as mulheres saiam.
ResponderEliminarEu, como não-crente, percebo o que sentem: a religião é uma fraqueza; coisa de mulheres...
A religião vista como conforto, apoio, amparo, âncora, porto de abrigo e pára-quedas. Para quem precisa.
Eu, racional, orgulhosa e individualista, gosto de convencer-me que não preciso.
Percebo que é mais duro viver sem religião porque nos momentos terríveis da vida estou sozinha comigo própria; porque quando erro, não há misericórdia nem perdão nem eu me consigo perdoar a mim própria; porque à racionalidade pura falta a luz e o calor que eu percebo que tem a fé.
É duro e cansa viver assim mas não consigo abandonar esta dureza, por medo de perder, nem sei bem ... autonomia talvez? Esta luta é minha, a racionalidade é minha, as decisões são minhas e as consequências também; ninguém perdoa, ninguém ilumina, ninguém ajuda, ninguém partilha ... Se cair, caio sozinha, se errar, não há confissão que me tire de cima o peso dos meus erros.
Assim pergunto-me será medo que não me deixa aproximar ou ... individualismo ?
Sinto-me numa jangada que navega em alto mar. Mas é a minha jangada.
Sentir-me-ia mais confortável chegando à praia, cheia de gente, segura, acompanhada, quente, mas ... acho que teria saudades da minha jangada, só minha a enfrentar tempestades e ultrapassá-las sem a ajuda de ninguém.
Olho para a praia vezes sem conta e penso “Vou? Não vou?” mas não consigo tomar uma decisão e continuo em alto mar.
Não é absurdo isto?
X (A Caminho)
O medo é o contrário do amor, não o ódio. O medo impossibilita-nos de amar verdadeiramente, sem barreiras, sem "porquês". O medo faz-nos duvidar, consegue paralisar a vontade de sentir um amor que está, mesmo sem apercebermos-nos, sempre dentro de cada um de nós.O medo destrói-nos por dentro, e por isso temos de o negar e entregarnos-nos de alma e coração Àquele o qual o medo não foi nunca uma possibilidade!Cristo!
ResponderEliminarRicardo A.
“Se alguém quer vir após Mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, dia após dia, e siga-Me.”
ResponderEliminarÉ o medo do que pode significar “tomar a cruz, dia após dia”...
São tantos os medos, mesmo sabendo que Deus nos ama sem limites...
Tantas vezes cantamos: “toma-me a vida, fá-la de novo”
Pois é... tenho consciência desse Amor... mas continuo adormecida, sem me “virar por dentro”!
Porque tenho medo... porque a fé é pouca...
Aninhas
Sempre que vou ler mais uma meditação fico tão emocionada por ver que o PADRE ANTÒNIO parece que adivinha todo o nosso sentir O medo palavra certa apesar de alguma dificuldade em se assumir .
ResponderEliminarMedo de fazer, perder, isto ou aquilo,tanta coisa que podiamos fazer e ficamos paralizados,medo de ferir alguem,mostar emoções,receios e taanta coisa.
Não tenho medo de assumir o AMOR a DEUS mas há algumas atitudes inerentes que sem o medo podiam ser mais ferteis e dar mais fruto.
Mas muita coisa está a mudar em mim GRAÇAS A DEUS Ee ao PADRE ANTÒNIO.
«ATÈ DESPERTAR» é por vezes um caminho muito longo , mas DEUS poÊ-nos sempre alguém no caminho que nos acorda dessa apatia .Mais cedo ou mais tarde nós estamos junto de DEUS com muita FÉ , AMOR,calma e uma PAZ incrivel,não é dos fracos nâo, nem de mulheres é o AMOR DE DEUS na SUA Grandeza que nos ilumina.
ResponderEliminar-Medo para mim é cobardia;
ResponderEliminar-Medo é fraqueza;
-Medo é falta de amor;
-Medo é o contrário de coragem.
Eu quero ter coragem de lutar de uma forma tranquila, por aquilo que eu não concordo e que considero ser perigoso para a renovação que queremos para a nossa Igreja.
A Ti Senhor eu peço para que continuemos todos a acreditar que Vós sois o nosso refúgio para os momentos difíceis da nossa vida.
O que nos faz fortes é a oração, é o amor ao próximo é vivermos verdadeiramente todos os dias o Evangelho.
Ajudai-me Senhor a ser humilde e a nunca ter medo.Ajuda-nos a viver as aflições e as lutas de cada dia, como ocasiões de crescimento para melhor Te podermos imitar.
Medo é cobardia, é verdade nesse medo é, sustentada uma vida e quando abala esse medo, está a desmoronar-se o que havia porque não se aceita que há outro alguém para além de .
ResponderEliminarSó DEUS na verdade é o meu refùgio nos momentos dificeis e me ajuda a ser humilde.
Após alguns dias de insucesso nas minhas tentativas de comentar, aqui estou para uma nova tentativa que, espero, seja frutífera. Para mim. Para nós (todos). É sempre bom partilhar o que sentimos! Esta musica é fortissima... mas dura. Pode mexer mundos. Especialmente hoje...
ResponderEliminarJean-Paul Sartre disse: "Todos os homens têm medo. Quem não tem medo não é normal. E isso nada tem a ver com coragem.Depende, pois, de nós termos ou não coragem (apesar desse medo), e acreditar, e confiar. Sobretudo confiar... podemos até seguir os sinais (e há sinais), e virarmo-nos por dentro. Que bom que era.
Lia, há uns tempos: "os corações dos homens têm medo de realizar os seus maiores sonhos, porque acham que não merecem alcançá-los ou não podem consegui-los". Somos assim tão limitos? será?
E também:"Os corações têm medo de sofrer. Mas o medo de sofrer é pior do que o próprio sofrimento. E nenhum Homem jamais sofreu quando foi em busca dos seus sonhos, porque cada momento de busca é um momento de encontro com Deus e com a eternidade". Ora aí está!