quarta-feira, 1 de julho de 2009


"Admirável Mistério"

Começo por citar o Papa Bento XVI que relembra S, João Maria Vianey:
«Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina». Falava do sacerdócio como se não conseguisse alcançar plenamente a grandeza do dom e da tarefa confiados a uma criatura humana: «Oh como é grande o padre! (…) Se lhe fosse dado compreender-se a si mesmo, morreria. (…) Deus obedece-lhe: ele pronuncia duas palavras e, à sua voz, Nosso Senhor desce do céu e encerra-se numa pequena hóstia».E, ao explicar aos seus fiéis a importância dos sacramentos, dizia: «Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote. (…) Depois de Deus, o sacerdote é tudo! (…) Ele próprio não se entenderá bem a si mesmo, senão no céu». Estas afirmações, nascidas do coração sacerdotal daquele santo pároco, podem parecer excessivas. Nelas, porém, revela-se a sublime consideração em que ele tinha o sacramento do sacerdócio. Parecia subjugado por uma sensação de responsabilidade sem fim: «Se compreendêssemos bem o que um padre é sobre a terra, morreríamos: não de susto, mas de amor. (…) Sem o padre, a morte e a paixão de Nosso Senhor não teria servido para nada. É o padre que continua a obra da Redenção sobre a terra (…) Que aproveitaria termos uma casa cheia de ouro, senão houvesse ninguém para nos abrir a porta? O padre possui a chave dos tesouros celestes: é ele que abre a porta; é o ecónomo do bom Deus; o administrador dos seus bens (…) Deixai uma paróquia durante vinte anos sem padre, e lá adorar-se-ão as bestas. (…) O padre não é padre para si mesmo, é-o para vós».

Palavras solenes e sublimes que me inquietam e provocam, pois que me relembram aquilo que sou; mais, aquilo que verdadeiramente deveria ser!
Diante da consciência e da vida exemplar do Santo Cura d’Ars, como não me sentir «esmagado»?! Como não entender ao «dom mais elevado» a que sou chamado?! Como não me predispor à conversão, à «transfiguração», à santificação?!
É preciso – e muito – que se reze por nós, sacerdotes! Para que aprendamos a humildade e entrega de tantos e tantos corações que nos precederam na história e que nos «gritam» claramente o caminho a seguir…
O sermos «vasos de barro» não se compadece com a inércia, a preguiça ou a ligeireza que possam pautar o nosso ministério! Não podemos mais esconder-nos na nossa condição de «pobres pecadores» para nos demitirmos de ir bem mais além…
Como o povo de Deus não pode deixar de erguer as vozes da fé e do coração ao Coração de Cristo para que ganhemos, todos nós sacerdotes, essa consciência de que é grande, é imensa, a beleza e a responsabilidade do dom que nos acompanha a cada segundo durante as vinte e quatro horas do dia e até à eternidade…

3 comentários:

  1. «um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia…»

    O Senhor dá-nos o sacerdote… o sacerdote dá-nos o Senhor…
    E eu… que dou? Será que a minha oração chega ao “Coração de Cristo”?...

    Aninhas

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  2. «Sem o sacramento da Ordem, não teríamos o Senhor. Quem O colocou ali naquele sacrário? O sacerdote. Quem acolheu a vossa alma no primeiro momento do ingresso na vida? O sacerdote. Quem a alimenta para lhe dar a força de realizar a sua peregrinação? O sacerdote. Quem a há-de preparar para comparecer diante de Deus, lavando-a pela última vez no sangue de Jesus Cristo? O sacerdote, sempre o sacerdote. E se esta alma chega a morrer [pelo pecado], quem a ressuscitará, quem lhe restituirá a serenidade e a paz? Ainda o sacerdote...»

    Interrogações com uma resposta tão singular e do qual não temos essa percepção ao longo do nosso dia-a-dia, este excerto evidencia bem a grandeza de um sacerdote, que representa amor na forma humana!

    Ricardo A.

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  3. A par com toda essa responsabilidade que se torna esmagadora, consola-me muito lembrar que Jesus bendiz o Pai pelo facto de "esconder estas verdades aos sábios e inteligentes e revelá-las aos mais pequeninos".
    Neste Ano Sacerdotal que começou mesmo agora, volto a ficar deslumbrada com a Sabedoria que a Igreja sempre revela através do seu Caminho pelo Tempo; e hoje alerta-nos para o dever de amar e pedir pelos nossos Sacerdotes. Com a benção de um Sacerdote que nos indica o caminho, podemos ser de facto como ovelhas que seguem um Pastor.
    Nós temos a "papa feita" :) só temos de seguir Jesus, seguindo o nosso Pastor (seja ele quem for) porque uma Comunidade que reza pelo seu Sacerdote confia que pode segui-lo com confiança.
    O caminho só é difícil porque duvido. Se acreditasse, seria como uma criança que, quando dá a mão ao Pai, não se preocupa em ver para onde vai porque sabe que vai bem. Pode ir aos saltos a brincar cantarolando confiante pelo caminho sem se “preocupar com coisa alguma”, como nos aconselha S. Paulo. Jesus, dai-me a benção de acreditar!
    Beijinhos a todos.

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